A Ruína Que Vem de Dentro
"O machado entrou na floresta. Uma das árvores gritou: Não se preocupem, ele é um dos nossos"
Nem sempre a maior ameaça vem de fora. Às vezes, o perigo se infiltra de maneira sutil, travestido de familiaridade, de pertencimento, de algo que deveria estar ao nosso lado. O machado entrou na floresta, e as árvores, em sua inocência, não viram nele um inimigo, pois o cabo era um dos seus.
Quantas vezes, em nossas vidas, confiamos cegamente naquilo que julgamos ser parte de nós? Quantas vezes abrimos espaço para pessoas, ideias ou situações que, sem que percebamos, começam a nos enfraquecer pouco a pouco? O que parecia proteção e aliança pode, na verdade, ser o instrumento que nos fere, que nos divide, que nos derruba.
A verdadeira força está na consciência. É preciso saber quem e o que permitimos se enraizar ao nosso redor e dentro de nós. Nem tudo que se parece com casa é abrigo, nem tudo que se veste de amigo quer o nosso bem. Que possamos ser vigilantes, mas sem perder a nobreza do coração; firmes, mas sem perder a capacidade de confiar. E, acima de tudo, que saibamos diferenciar o que realmente é nosso e o que apenas se disfarça de pertencimento para nos derrubar.
Antonio Marcos de Souza. 05 de março de 2025