Ontem, eu assisti o episódio de uma série que despertou a vontade de escrever este texto. Uma mulher perseguida por alguns homens numa rua escura, esses homens falavam que ela era bonita, que iam usá-la, que não adiantava ela fugir… assustada, a moça parou no meio da rua e quando virou pra trás viu que eram alguns amigos dela brincando só pra assustá-la… essa moça morreu atropelada. No velório, um dos rapazes, chorando, disse: “Foi só uma brincadeira”.
Apesar de odiar piadinhas (gente, eu não curto nem stand-up), eu acredito que as pessoas passam da conta. Elas colocam na cabeça que humilhar alguém, meter medo ou falar qualquer coisa seja normal, e quando essa pessoa reclama, a famosa frase “Foi só uma brincadeira”, aparece.
Acho que somos grandinhos para entender que nunca é só uma brincadeira, não quando uma pessoa se sente ofendida e humilhada. Eu sempre passei por brincadeiras de pessoas que me humilharam na escola e depois justificaram com “Era brincadeira”.
A partir do momento que alguém se sente ofendido, não é uma brincadeira. Vide as piadas machistas, gordofóbicas e capacitistas que circulavam (e ainda circulam) normalmente por aí.
Acho que precisamos estar atentos ao famoso: as pessoas têm sentimentos. Há casos de suicídio por conta de brincadeiras que parecem inofensivas pra alguns e como um golpe no peito para outros.
“E não pode mais brincar?” Se a sua brincadeira for em tom de humilhação e ferir algum tipo de direito, não, não pode mais brincar.
Você já passou por alguma situação constrangedora e justificaram como “era uma brincadeira”? Me conta.
Jo Melo.