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Não leve para o lado pessoal. Nem tudo é sobre você.

Por mais que você julgue conhecer alguém, você nunca saberá de verdade o que vai dentro do outro. Que lutas ele trava com a própria mente, que batalhas ele escolhe enfrentar com as próprias emoções, que gatilhos foram acionados naquela manhã.

Publicada em 07/06/24 às 06:55h - 99 visualizações

Fabiola Simões


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 Não leve para o lado pessoal. Nem tudo é sobre você.
 (Foto: Internet)

Autoestima. Palavrinha que ganhou notoriedade nos últimos tempos, e carrega significados distintos. Há muita confusão por aí, e já fui vítima dessas confusões. Achava que se eu tivesse uma autoestima elevada, não permitiria certas atitudes direcionadas a mim. Porém, o que eu não percebia, é que nem tudo era sobre mim. E que, ao contrário do que eu pensava, minha baixa autoestima – agravada por doses de insegurança – fazia com que eu acreditasse que qualquer mínima coisinha tinha a ver comigo, ou significava que eu tinha feito algo errado para merecer aquilo, ou revelava que não era tão bem quista como eu esperava. Mas a verdade era uma só: nem tudo era sobre mim. E ponto final.

Não se pode confundir ser trouxa com “deixar pra lá”. A gente deixa pra lá quando percebe que nem tudo é sobre a gente, e o outro está travando batalhas internas que respingam mágoa e ressentimento em tudo ao seu redor. A gente é trouxa quando permanece relevando e compreendendo atos de desrespeito e desconsideração.

Por mais que você julgue conhecer alguém, você nunca saberá de verdade o que vai dentro do outro. Que lutas ele trava com a própria mente, que batalhas ele escolhe enfrentar com as próprias emoções, que gatilhos foram acionados naquela manhã. Por isso é preciso entender que nem tudo é sobre a gente. Não levar para o lado pessoal uma falta de resposta pontual; ou não desistir de tudo só porque ficamos confusos com a ausência da reciprocidade habitual.

Ser uma pessoa segura tem dessas coisas. Saber relevar. Saber que a perda é do outro, não sua. Não levar para o lado pessoal um deslize pontual, mas saber que seu valor não diminui pela incapacidade de alguém em enxergar isso.

Você é maior que uma mensagem lida e ignorada; você é maior que um story não visualizado; você é maior que a indiferença, o silêncio ou a falta de atenção de alguém. Não gaste sua energia tentando mudar atitudes alheias ou buscando entender onde foi que você errou. Construa, sim, uma couraça de autorrespeito e autopreservação, e invista sua energia na sua alegria e crescimento

Não seja trouxa de permanecer em relações que te diminuem, mas saiba diferenciar o que são atos de desconsideração e o que são atos de desligamento da outra pessoa. Tenha uma autoestima tão elevada a ponto de sentir que aquilo não foi direcionado a você, ou não significa falta de amor – e sim está relacionado a questões íntimas do outro.

Por mais que pensemos ter o poder de controlar, não possuímos as rédeas de nada. Mesmo calejados pelas incontáveis vezes em que a frustração assolou nossas vidas, muitas vezes permitimos que a esperança de encontrarmos abrigo em outros corpos seja o fio condutor de nossos dias. Não nos damos abrigo, mas desejamos que o outro seja o nosso lar.

É libertador entender que as atitudes do outro, na maioria das vezes, têm mais a ver com questões dele do que com aquilo que ele sente por nós. É libertador perceber que muitas vezes projetamos em alguém algo que esse alguém nunca será, e que cabe a nós decidirmos se queremos ou não continuar.

Nos relacionamos com nossas projeções, e muitas vezes nos frustramos porque esperamos que a outra pessoa se comporte exatamente como imaginamos. E, pior do que isso, empurramos nossa autoestima ladeira abaixo quando algo não sai conforme o combinado. Entenda: nem tudo é sobre você, e se o outro não te valorizou como você gostaria, ele pode estar num dia ruim; não significa que você não tem valor.

Assim como o tímido carrega a enorme distorção de que todos estão observando-o, o inseguro compra brigas com quem acredita que está ignorando-o. O tímido é um envergonhado. E sua vergonha leva-o a acreditar que está sendo observado o tempo todo. Mas a verdade é que ninguém está nem aí. Já o inseguro, duvida de si mesmo. E sua dúvida leva-o a exigir reconhecimento o tempo todo. Porém, nem todos estão focados em aplaudi-lo.

A gente é trouxa quando aceita falta de reciprocidade, indiferença e desrespeito. A gente “deixa pra lá” quando entende que nossa energia merece ser investida em outros lugares, em conexões que tragam alegria e crescimento. A gente é trouxa quando se envolve em embates unilaterais e cobra atitudes que deveriam ser espontâneas. A gente “deixa pra lá” quando escolhe preservar nossa paz interior e entende que é melhor silenciar e se afastar a ter que verbalizar e cobrar.


Por: Fabiola Simões. 07 de junho de 2024 às 06h


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