O Valor da Reconhecida Simplicidade
As coisas deveriam ser mais leves, mas não são. As coisas deveriam ser mais descomplicadas, mas não são. Tudo é muito difícil e muitas vezes o que deveria ser mais suave torna-se pesado demais para nós. Ficamos numa pilha de nervos aflorados, nos aquietamos, nos incomodamos porque desejamos, muitas vezes, ser reconhecidos, notados pelo que fazemos. Por mais que digam que isso não faz a menor diferença, que não dependemos da aceitação do outro, que o que fazemos não precisa do elogio alheio, é pura enganação. Faz parte da natureza humana saber como estamos, se estamos no caminho certo, se precisamos melhorar, aprimorar algo, descartar alguma coisa, ou mudar.
É claro que muitas vezes, ou quase sempre, sabemos disso por nós mesmos, geralmente "apanhamos" da vida aos trancos e barrancos e por isso sofremos. Precisamos da gentileza do outro em nos dizer como e onde melhorar, aprimorar e acertar, revisar erros e acertos. Só conseguimos isso pelo olhar do outro, pela visão externa. Isso também é uma via de mão dupla; devemos fazer o mesmo pelo próximo.
Quando acertamos, ficamos felizes de receber um elogio sincero. Esse retorno é importante, não para inflar o ego, mas para sabermos que nossos esforços foram apreciados, que todo o trabalho foi valorizado e que o outro se beneficiou disso. Receber e dar um elogio é a troca honesta de que estamos acertando e que podemos nos manter nesse ritmo. O contrário também é verdade. Longe das críticas destrutivas que nada constroem, um conselho assertivo faz a gente refazer a rota, recalcular o sentido e refinar o trabalho. Isso também é positivo, pois sabemos exatamente onde precisamos aprimorar.
Elogiar, para muitas pessoas, é extremamente difícil. Num mundo cheio de orgulho e egoísmo, mudar conceitos é como atravessar um abismo. Ficamos frustrados muitas vezes, desanimados, e começamos a achar que todo esforço não vale a pena. Precisamos continuar acreditando em nós mesmos e começar a mudar por nós mesmos. Se não tivermos espaços, devemos buscar e construir novos. Se não há reconhecimento, devemos reconhecer no outro aquilo que apreciamos em nós, dando ao outro a oportunidade de fazer o mesmo.
Saiba, ninguém é autossuficiente, completo em si mesmo. Sempre precisaremos do outro. Esteja sempre perto de quem te aprecia e valoriza. Fique onde você tem e te dão espaço, e crie novos espaços, diminuindo distâncias para que nossas vozes possam ser ouvidas. Não mude, mesmo que do lado de fora não haja mudanças.
Por: Antonio Marcos de Souza. 04 de junho de 2024, às 16h
