Deus, sou eu. Aquela criança para quem o mundo desabou repentinamente, enfrentando uma reviravolta drástica da noite para o dia. Deus, sou eu. A criança que, por temer a visão da pior dor, fechou os olhos, suportou em silêncio os horrores da força bruta humana, do desespero interno e das lágrimas contidas.

Deus, sou eu. A criança que encontrou amparo nos momentos mais cruciais, cuja vida foi protegida de maneiras inimagináveis. Eu sou aquele que acreditou que deveria aceitar para continuar e crescer. Deus, sou eu, que cresci. Aquele que não permitiu que a alegria mais doce da vida morresse, que aproveitou a adolescência e se dedicou aos estudos.

Obrigado, Deus, sou eu. Sou eu, que honrou a vida dos avós que me cuidaram, retribuindo a eles com uma vida tão honesta quanto a deles. Deus, sou eu. Eu sou aquele que, amparado por Ti, encontrou os recursos necessários para sobreviver.

Sou eu, que mesmo enfrentando sofrimentos, desespero e momentos de calmaria, repensa e recomeça constantemente. Deus, estou aqui, esse sou eu. Não mais uma criança, nem um adolescente, nem um jovem. Sou agora um homem, aproximando-me da velhice. Como o tempo passa, meu Deus. Este sou eu. Sou aquele que não carrega arrependimentos, pois tudo o que fiz representou o meu melhor, e se assim foi, não tenho motivo para me arrepender. Porque, Deus, sou eu.

Sou grato por ter cuidado de mim com a Sua santa misericórdia, providenciando saídas para todos os meus medos e angústias. Ensinou-me a ter paciência e a esperar. Tudo que sou hoje é resultado do Seu ensinamento, e eu, mais do que estar vivo, estou vivendo em prol daquilo em que acredito.

Gostaria de ter expressado à minha criança interior o quão forte e corajosa ela foi, o quanto cresceu e o quanto me orgulho do homem que se tornou. Cada desafio superado e cada obstáculo enfrentado foram testemunhos de sua força interior, e cada experiência moldou a pessoa incrível que é hoje. Se ao menos pudesse voltar no tempo para dizer-lhe que sua resiliência não passou despercebida, que cada passo foi significativo e que o orgulho que sinto por ela é inexprimível.

A jornada da infância até aqui foi uma montanha-russa de aprendizados, e mesmo nas curvas mais íngremes, ela demonstrou uma determinação notável. O homem que ela se tornou é um reflexo da persistência, do crescimento e do potencial ilimitado que sempre estiveram dentro dela. Que a criança que fui saiba que, mesmo nas incertezas da infância, ela já carregava consigo a promessa de um futuro notável.