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A GRANDE MAIORIA DE NÓS

É difícil imaginar, mas é muito comum, pais abandonarem seus filhos, sabendo deles, sabendo que eles existem. O pior ainda é negar a existência deles.

Publicada em 18/12/23 às 18:52h - 96 visualizações

Antonio Marcos de Souza


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A GRANDE MAIORIA DE NÓS
 (Foto: Antonio Marcos de Souza)

A grande maioria de nós tem o nome de seus pais registrados. No entanto, carregamos mais do que isso; levamos conosco histórias de famílias interconectadas. Muitos de nós têm dois pais, quatro avós, e essa árvore genealógica só cresce. É estranho pensar que a outra grande maioria nem conheceu e viveu sem nenhum dos pais, o que é o meu caso. No entanto, tiveram avós corajosos que assumiram um desafio sob circunstâncias dolorosas. Já mencionei em outros textos essa parte dolorosa da minha vida, mas não é sobre isso que quero falar aqui, embora isso também se conecte a certos aspectos da vida.

Minha história de família só tem um lado, o lado da minha mãe, mas é chocante perceber que a ausência de alguém para preencher o nome ainda seja dolorosa para mim. A ordem natural das coisas sugere que os filhos têm o direito universal de ter um nome, uma identidade, ou qualquer coisa que isso represente.

Nunca foram revelados os motivos pelos quais meu suposto pai foi embora, desapareceu do mapa. É difícil imaginar, mas é muito comum pais abandonarem seus filhos, mesmo sabendo de sua existência. O pior é negar sua existência. Com o meu pai biológico, foi assim. Um homem que não sei quem é negou minha existência, embora eu esteja vivo. Negou minha existência, apesar de eu ter crescido, estudado, pensado no futuro. Mesmo sendo adulto, envelhecendo e tendo vivido uma vida de esperanças, desafios, conquistas, desapontamentos e renúncias, sobrevivi, embora tenha sido negado o direito de ter um nome, apenas um nome.

Não consigo conceber como alguém que sabe da existência de um filho pode negar seu direito à existência, desaparecendo. Mesmo quando "o encontrei" em 2005, ele negou ser quem eu procurava, sem remorso algum. Desde então, nada mudou do meu lado da vida aparentemente. Mas do lado dele, eu não sei, como não sei até hoje.

Eu só queria um nome. Eu só queria conhecer outras histórias de vida além da minha. Só queria poder olhar meus registros e ver o nome de um pai escrito lá. Imagino que alguém pudesse chegar à minha porta e dizer que é quem procurei por todos esses anos, então eu poderia acrescentar seu nome às minhas histórias.

Mas sei que esse alguém não vai aparecer para dizer: "Aqui está seu pai". Não, esse dia não vai chegar. E quantas histórias como a minha existem? Milhares por aí, e algumas ainda mais dolorosas.

A grande maioria de nós será sempre como a maioria de nós.


Por: Antonio Marcos de Souza. 18 de dezembro de 2023 às 18h58min


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