Vendo um vídeo numa rede social, me deparei com uma moça falando de como as coisas eram na geração passada e do quanto isso nos tornava fortes. A geração do agora, que não tem noção do que é futuro e das perspectivas que hão de vir. Então, Sara Raquel [na verdade não sei se o texto é dela] disse em seu vídeo:
"Sou de uma época que não existia bolsa família e nem vale gás. Tínhamos óleo Lisa, aquela lata que depois servia para enrolar linha de pipa. Não ganhávamos uniforme, muito menos material escolar. Uniforme era camiseta da escola e "aí" se não fosse com a camiseta branca, não entrava.
Eram poucas as pessoas que tinham telefone em casa. Nós éramos acostumados usar o famoso orelhão, a ficha sabe, ou cartão ainda. As pesquisas eram feitas na biblioteca e ia sempre aquele grupo enorme. O trabalho era escrito à mão e na folha de papel almaço, lembra? A capa era feita um desenho bonito na folha sulfite. Tínhamos dever de casa e a Educação Física era esperada por todos. Ah, na escola tinha a gorda, a magrela, o quatro "zóio", a baixinha, a Olívia Palito, por aí vai. Todo mundo era zoado. As vezes até rolava uma briga. Assim sabe, mas logo tudo estava resolvido. Então prosseguia a amizade.
Existia o valentão, valentona, mas também existia aqueles que nos defendesse, sabe? Na escola tinha o dia do flúor. Combate aos piolhos, a merenda. Ah... A merenda, era leite com achocolatado, macarrão, sopa, risoto. Cantávamos o Hino nacional, toda sexta-feira e na Semana da Pátria, eram todos os dias. Entrávamos em fila até a sala de aula e fila, era por ordem do tamanho. As provas também eram no papel almaço, íamos para escola a pé, em bando, um monte de vizinhos e na saída, a gente adorava quando a gente faz aniversário, sabe? Era ovo, farinha, terra. No final do ano não víamos a hora de acabar as aulas, para que os colegas escrevessem nas nossas camisetas e olha que guardei essas camisetas por muitos anos.
A frase: "Peraí, mãe!' Era para ficar mais tempo na rua e não no computador, no celular. Colecionava figurinhas, selos, chaveiros, papel carta. Tínhamos Ioiô e outras brincadeiras mais. As brincadeiras eram saudáveis, sabe? Os meninos brincavam de bater figurinhas e não de bater nos colegas e nem nos professores. É... Na aquela época, não se matava os professores.
Ah, eu adorava quando a professora usava o mimeógrafo, sabe? Aquele cheiro de álcool que tomava conta da sala. Na rua era empinar pipa, guerra de mamona, carrinho de rolimã, esconde-esconde, pular corda, amarelinha, queimada, andar de bicicleta e por aí vai, são várias.
A gente comia na rua mesmo, sabe? Tomava água da torneira, andava descalço. Eu vivia no sol, sem protetor. Não importava se nossos amigos eram negros, brancos, pardos, ricos, pobres, meninos, meninas. Todo mundo brincava junto.
Como era bom, bom não, era maravilhoso. Ah, Filme? Só assistíamos na Tevê e não víamos a hora de passar a Sessão da Tarde. Que saudade dessa época! A chuva tinha cheiro de terra molhada, sabe? Época que a nossa única dor era quando passava Mertiolate nos tampões dos dedos, que ficavam pendurados, ou naqueles cortes sabe, que fazia enquanto a gente brincava. Era uma comédia. Cada um tem sua história sabe, tudo de bom. Os nossos pais, eles eram presentes na educação, até por que educação era de casa, e aí se a mãe tivesse que ir na escola, se a gente tivesse aprontado algo. A gente não podia chegar em casa, com algo que não era nosso, sabe? Desrespeitar os mais velhos, se meter na conversa, o olhar deles já nos ensinava, não precisava de mais nada.
Eu fico me perguntando, quando foi que tudo mudou? E quando foi que os valores se perderam, se inverteram dessa forma? Ai, quanta saudade, quantos valores, que para essa geração não vale nada. Ah, se as crianças e jovens soubessem o que é viver de verdade. Eu sou grata por tudo o que eu vivi e por tudo que aprendi."
*Do vídeo de Sara Raquel (@sarahraquel_oficial)